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Por que Miami é inclusiva com turistas estrangeiros em tempos sombrios

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ago. 15 - 5 min de leitura
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Miami se mostra mais aberta para turistas internacionais ano após ano. Em tempos de exaltação ao nacionalismo e xenofobia no mundo, o destino da Flórida encerrou 2018 com 5,8 milhões de visitantes de outros países e se prepara para manter esse crescimento contínuo no futuro.

O aumento desse mercado que representa 35% do total de 22,3 milhões de viajantes que foram à cidade no último ano não é à toa. Com sangue latino em suas veias, o local tem seus três principais emissores na América do Sul: Brasil, Colômbia e Argentina, nessa ordem, à frente de Canadá e Reino Unido, países cujos habitantes estão mais acostumados a viajar para fora.

A latinidade que se respira nas ruas não é a única coisa que chama atenção dos brasileiros. Joe Docal, diretor de vendas do Greater Miami Convention & Visitors Bureau, veio ao país para divulgar os novos atrativos da região e garante: Miami nunca esteve tão receptiva quanto hoje.

Joe Docal é responsável pela área de vendas para Estados Unidos, Canadá e América Latina (Divulgação/Greater Miami CVB)

Conhecido por suas praias, o destino tem buscado apresentar sua diversidade de produtos, assim como aceitar as diferenças de nacionalidades, gênero, cor etc. “Nós estamos educando [a população] para que eles vejam o valor desses visitantes e o que eles representam para nós”, afirma.

“Eles são receptivos e nós queremos expandir ainda mais pela comunidade e as 34 cidades no condado de Miami-Dade. Quer dizer, não somos apenas Miami ou Miami Beach”, completa o executivo.

Como ir além
Fazer com que os brasileiros conheçam além do litoral de South Beach é um desafio para o órgão de promoção. Mais restaurantes, galerias de artes, festivais de música e gastronomia estão no escopo do Greater Miami CVB. Dos 462 mil visitantes (3% do total dos estrangeiros) do nosso país registrados em 2018, a maior parte opta pelas já conhecidas praias (54%).

A porcentagem de quem vai a Miami motivado pelas compras é alta, 22%, à frente de visitar amigos ou família (20%). O gasto em lojas do viajante é maior do que qualquer outro, com média de US$ 800, muito mais do que o montante investido em atividades de entretenimento (US$ 139).

Embora o Greater Miami CVB queira mostrar o diferencial de toda a região, existe um fator que pode impedir esse prolongamento de viagens. Mais da metade (56%) dos turistas brasileiros que viajam ao destino são repetidores, ou seja, já foram uma, duas, três ou mais vezes e reforçam esse perfil de adorador de South Beach e praias.

“Cada lugar é muito único e tem algo diferente a oferecer. Nós tentamos fazer com que as pessoas vão aos outros bairros, porque as praias basicamente se vendem sozinhas. Temos um pedaço de Cuba em bairros como Little Havana, Overtown com sua herança africana, Sunny Isles, que é repleta de russos, a nossa ‘pequena Moscou’”, declara.

Mas essa realidade tem mudado aos poucos. Morador de Miami desde sua infância, Joe Docal tem notado que os brasileiros têm começado a apostar em uma variedade maior de opções. Lugares como o centro pulsante a vivacidade de Brickell Area, juntamente com a arte de rua de Wynwood, aparecem como pequenas experiências de vida local.

E o dólar, hein?
Todavia, existe uma tarefa mais árdua do que ampliar o horizonte do turista brasileiro e ela se chama dólar. A preocupação maior do diretor de vendas não é a liberação do visto, algo que não deve acontecer tão cedo, mas sim a flutuação da moeda. Os altos e baixos do câmbio norte-americano passam pela instabilidade político-econômica do Brasil, um ponto que o executivo prefere não tocar.

Se os 462 mil brasileiros do ano passado causam orgulho, essa contagem já foi muito maior. Em 2015, o número de turistas do país que visitaram Miami foi de 747 mil. Questionado sobre essa queda significativa, Joe Docal sente que os indicadores de outrora voltarão a ser alcançados.

“Sei que vocês passaram por alguns anos desafiadores no Brasil. Mas é muito comum ouvir a língua portuguesa como é o espanhol ou inglês. Eu escuto português todo o tempo e os brasileiros estão lá”, resume.

O termômetro de 2019 sugere que as temperaturas estão altas. Ainda que os dados sejam lançados só ano que vem, a sensação que a indústria local passa é de aumento nos mercados doméstico e internacional. E, mais uma vez, para impulsionar o crescimento, Miami abraçou de vez o segmento LGBTQ.

O trabalho de promoção com esse público é o de inclusão, colocá-los com a importância devida e dizer a eles que lésbicas, gays, transexuais e outros  podem se hospedar qualquer hotel, restaurante, bairro, não necessariamente precisa ser LGBTQ. “Nós podemos nos considerar como um exemplo de diversidade. A diversidade é muito grande para nós”, finaliza Joe Docal.


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