Na segunda quinzena de março, a Organização Mundial do Turismo (OMT) organizou uma reunião virtual de alto nível, trazendo presidentes do seu Conselho Executivo, Comissões Regionais e líderes do setor privado. O turismo é o setor econômico mais atingido pela COVID-19 e todos os participantes aceitaram o convite do Secretário-Geral da OMT para fazer parte de um Comitê Global de Crise do Turismo a fim de criar um guia global de recuperação.
O Comitê, liderado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), vem realizando reuniões virtuais regulares, refletindo a necessidade de ações coordenadas e eficientes dos setores público e privado, governos, instituições financeiras internacionais e Nações Unidas.
Nas Nações Unidas, a reunião virtual contou com a presença do Diretor de Saúde e Parcerias Multilaterais da OMS, Gaudenz Silberschmidt (em substituição ao Diretor-Geral, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus), Secretário-Geral da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI), Dr. Fang Liu e o Secretário Geral da Organização Marítima Internacional (OMI), Sr. Kitack Lim.
Desde o início da pandemia, a OMT tem trabalhado em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para orientar o setor de turismo enquanto enfrenta o desafio COVID-19. Essa reunião, realizada em Madri (mas conduzida virtualmente por razões de saúde pública), enfatizou ainda mais o apelo à cooperação internacional para destacar uma resposta unida com base nas mais recentes recomendações de saúde pública e refletindo o profundo efeito cascata econômico e o custo social da pandemia.
Segundo Zurab Pololikashvili, secretário-geral da OMC, os meios de subsistência de milhões de pessoas e suas famílias estão em risco, seja em centros urbanos ou em comunidades remotas, onde o turismo é às vezes o principal gerador de renda e um veículo para a inclusão social, protegendo o patrimônio e o desenvolvimento da economia local.
Fique em casa hoje para que você “#PossaViajarAmanhã”
Sem ter certeza de quanto tempo durará essa crise ou qual será o impacto econômico e estrutural final no turismo, todos os participantes se uniram em sua profunda preocupação com os milhões de empregos que correm o risco de serem perdidos. Com pequenas e médias empresas representando 80% do setor em todo o mundo, o impacto social mais amplo da crise vai muito além do turismo, tornando-o uma preocupação importante para a comunidade internacional.
Isso requer reconhecimento político e cooperação entre os ministérios, envolvendo os setores público e privado e tendo como pano de fundo os planos de ação mais amplos das instituições financeiras e órgãos regionais.
Todos deram as boas-vindas ao slogan da OMT de "Fique em casa hoje para viajar amanhã", que é promovido nas mídias digitais por meio da hashtag “#TravelTomorrow”.
Três áreas-chave: gerenciamento da crise, aceleração da recuperação e preparação para o futuro
O documento indica ações que podem ajudar os países a reduzir o impacto imediato da pandemia, além de orientar variados segmentos quanto a estímulos de longo prazo.
As medidas visam o gerenciamento da crise (mitigando o impacto), o fornecimento de estímulos para a aceleração da recuperação e preparação do setor para o futuro. As principais ações relacionam-se à manutenção de empregos, ao apoio a trabalhadores independentes, à garantia de liquidez das empresas, à revisão de impostos, taxas e regulamentos relacionados ao segmento de turismo e também ao desenvolvimento de habilidades – principalmente digitais.
A publicação também propõe a diversificação de mercados, produtos e serviços, com investimentos em sistemas de Inteligência Artificial. No Brasil, o conjunto de recomendações está em conformidade com ações já adotadas pelo Ministério do Turismo e pelo Governo Federal para o planejamento das atividades no pós-pandemia.
Além disso, o documento da OMT elenca medidas de estímulo financeiro às empresas, como políticas fiscais favoráveis, promoção de medidas de marketing focadas na volta da confiança dos consumidores e novas ideias que podem ser implementadas para ajudar o turismo a retornar o crescimento sustentável.