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Meu Casamento em Fernando de Noronha

Meu Casamento em Fernando de Noronha
Simone Bunese Reck
jun. 12 - 7 min de leitura
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Como eu e meu noivo na época estávamos residindo em Fernando de Noronha, fizemos nosso casamento lá. Isso foi em abril de 2005, Noronha ainda não era um Destination Wedding e não possuía a estrutura que há atualmente.

Ótimo, resolvemos nos casar! Primeiro de tudo tínhamos que decidir a data.  Eu queria que fosse dia 09, pois havíamos começado a namorar em um dia 09. Para o casamento civil tínhamos que ir ao cartório e nos inscrever, pois o juiz vinha uma vez por mês à ilha, então teria que ser quando houvesse essa visita. Um belo dia estava trabalhando e meu noivo me liga dizendo: “ Adivinha que dia o juiz chega? “ – Bem no dia 01 de abril, isso mesmo, casei no Dia da mentira! Mas a cerimônia e festa mesmo fizemos dia 09 de abril.

O casamento civil foi coletivo, era para ser à tarde e no dia anterior o rapaz do cartório liga dizendo que foi alterada para a manhã. Muda toda a logística e estamos indo ao Palácio, onde seria a cerimônia, cai a maior chuva! Chegamos meio molhados. Aí ficamos esperando um tempão, porque antes do casamento coletivo, haviam as outras audiências: divorcio, pensão, trabalhista, etc... Era quase meio dia quando nos chamaram para a sala e adivinha, meu noivo estava de bermuda e não era permitido... Ainda bem que o nosso padrinho estava de calça, bora trocar rapidinho. Enfim entramos na sala com mais uns 7 casais e foi super rápido, vocês aceitam se casar? Sim , felicidades, assine o livro e tchau.

Eu sempre havia imaginado um casamento diferente, nunca tive muita vontade de casar na igreja, e o nosso casamento eu queria que fosse em uma das praias, havia pensado na Praia do Meio, que eu gostava bastante. Mas acabamos nos casando a bordo de uma embarcação, cedida por uma pousada, em troca da tradução do site para o inglês. Foi muito bom e econômico.

E para celebrar essa cerimônia? Bom, Noronha não tinha a casa paroquial ainda e nem padre fixo, então para a data que eu precisava não havia padre disponível. A segunda opção era a pastora, porém naquele final de semana haveria um encontro de casais e ela também não estava disponível. Aí me sugeriram, como eu casaria em uma embarcação, de chamar  um capitão e foi o que eu fiz. Chamei também um fotógrafo conhecido que morava na ilha.

Estava tudo pronto, meus pais chegariam em Noronha dia 04/04, eu havia pedido uns dias de folga na pousada que eu trabalhava, além de ganhar a noite de núpcias no bangalô mais top de lá.

Os convidados foram em torno de 30, moradores da ilha , pois os de Curitiba não poderiam ir, mas ganhei vários presentes comprados pela internet, mobiliei a casa! O bolo e os doces eu e minha mãe fizemos, e os salgados encomendei de uma colega de trabalho.

Finalmente chegou o esperado dia! Eu queria um buquê, não tínhamos muitas flores na ilha, estava meio seca. Vi uma acácia florida resolvi pegar as flores para fazer o buquê. Estavam cheias de bichinhos, tive que lavar flor por flor!

Aí chamei uma manicure, logo ela me perguntou;” Você quer serrar?” Fiquei meio assustada e depois descobri que serrar era lixar a unha. Feito isso ela perguntou: “Quer Descarnar?” Me senti numa sessão de tortura! Descarnar era tirar a cutícula. Depois do susto minhas unhas ficaram lindas!

Mas a aventura estava só começando! Correria para aprontar tudo, o casamento era às 16h, estava fazendo algo para comermos e o gás acabou. Falei rápido para o meu marido: “Empresta o buggy do vizinho” – para podermos comprar outro butijão. Só há um local em Noronha que vende gás e é o posto de gasolina que fica no Porto.

Lá fomos nós com o buggy emprestado para o posto. Chegando lá o frentista nos disse que não poderia vender o gás, porque meu botijão era prata e só aceitavam botijões azul. Falei que comprava outro casco e ele me respondeu que não vendiam casco, só o gás. Pedi para falar com o gerente e ele respondeu que estava em horário de almoço e que só voltaria às 15h. Nesse momento eu já estava tendo um treco, dois taxistas que estavam no posto começaram a falar: “Vai na delegacia!” e lá fomos nós.

Chegamos lá, explicamos tudo para o Dr. Renato, que era delegado na época e ele me respondeu que eu tinha toda razão, porém quem cuida do direito do consumidor é o Procon e não tínhamos o órgão na ilha, resumindo, fiquei sem gás! Fui na pousada em que trabalhava e meu chefe trocou o meu botijão por um azul, só assim consegui comprar gás, e isso já eram quase 14h!

Muito bem, todos prontos, meu marido levou meus pais para o barco com as bebidas e comidas da festa e voltou pra me buscar, tínhamos um buggy agora que a pousada havia me emprestado. Chegando lá lembrei que havia esquecido a máquina fotográfica, então volta buscar. Já estava na hora de partir, os convidados chegando, e  nem o capitão, nem o fotógrafo chegavam.

De repente encosta um barco e lá está o capitão, voltando de uma pescaria, esqueceu do meu casamento! O fotógrafo também esqueceu então, como já estava casada no civil mesmo, o nosso padrinho ( aquele mesmo que ajudou emprestando a calça) nos salvou, ele havia estudado em um seminário e acabou topando em fazer uma celebração, falou palavras lindas, porque conhecia a nossa história e ficou algo bem pessoal.

Além de tudo isso ainda tivemos: Eu escorregando no píer porque haviam encerado (ainda bem que todos estavam no barco e não viram), minha mãe enjoou e tivemos que acudí-la, os convidados sonolentos por causa do Dramin... uma coisa não posso negar, foi uma cerimônia inusitada e deu tudo certo ao final.

Atualmente a ilha está muito bem assessorada , com pessoas especialistas em organização de casamento e muito mais estrutura. E com um cenário de tirar o fôlego, trocamos as alianças em frente ao Morro Dois Irmãos ao entardecer, foi muito especial.

A mensagem que fica... ninguém terá um casamento como o meu!

Feliz dia dos namorados.


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