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Eae vai um trago de Jalapão?

Eae vai um trago de Jalapão?
João Guilherme Rebellato
mai. 11 - 12 min de leitura
040

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.

Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.

Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor.

Conhecer o frio para desfrutar o calor.

E o oposto.

Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.

Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

 

Esse trecho do livro “Mar Sem Fim” do Amyr Klink é um mantra que inspira muitos viajantes mundo afora. E comigo não é diferente. Em recente viagem ao Jalapão, chegando no primeiro atrativo, canyon Sussuapara, em uma estrutura super simples, me deparo com um humilde quadro, na entrada do atrativo, com esses dizeres do Amyr, que para muitos é só um quadro e passa desapercebido. E de repente toda a movimentação daquela viagem já fazia muito sentido.

Bom, vamos lá! O Jalapão é uma região que fica no estado do Tocantins, o mais novo estado brasileiro, e a sua porta de chegada é a capital Palmas. De difícil acesso, é uma das regiões mais preservadas do país. Entre dunas, fervedouros, pôr do sol e cachoeiras está um dos mais lindos e bem preservados cenários brasileiros.

Jalapão já estava na minha a lista de destinos há algum tempo. Com a desculpa de um aniversário, 30 mil milhas da Latam e uma recepção digna de pioneiros no Jalapão, me joguei para conhecer o Korubo Safari Camp: um glamping que fica dentro de terras quilombolas, às margens do Rio do Novo e que comanda uma operação de imersão total na natureza desde 2000.

Nesse texto vocês irão perceber que usarei muito três palavras: Experiência, Momento e Detalhe!!

Diz a lenda que o nome Jalapão tem origem em um tubérculo típico da região que se chama jalapa. Da jalapa, obviamente, fizeram uma cachaça que a turma chamava de jalapinha. Ao perceber que a dose diminuíra com o passar do tempo, um sujeito chegou ao boteco e soltou: “me veja um Jalapão ae”! Então, ficou a história “vou lá tomar um Jalapão”.

Me joguei na viagem com a mente e o coração abertos. Sabia que teriam mais pessoas na trip, mas não fazia ideia de o que faziam, o que comiam e de onde vinham... rsrs Mas já vou logo te contando que um dos pontos altos da viagem foi a turma. Cara do céu! Quando olhei as pessoas, percebi que não tinham nada a ver entre si. Mas meuuu que match que deu!!!

Sabe aquelas boas coincidências da vida? Então, essa foi uma das que eu faço questão de contar.

Carinhosamente apelidado de Barack Obama, Raimundinho foi o chefe da galera. Dono de uma empatia impressionante, ele presenteou a todos com muita música boa e palavras certas nas horas exatas. Boêmio da zona leste de sampa, acompanhou a bagunça o tempo todo. Para vocês terem uma ideia, o nome do grupo do whatsapp chama-se amigos do Barack! Kkk

Wilminha apelidada, como consequência, de Michele Obama, é a esposa do chefe. Alegre e parceira sempre tinha uma palavra de amor para soltar.

Meu parceiro de acomodação, Marcelo, sempre tinha de tudo na mochila. O cara é o mestre da TI e, junto com o Barack, arrebentou na viola e na caipirinha. Estava vindo de Bonito e viajava sozinho pela primeira vez.

Hudson e Fabio moram no Rio e trabalham embarcados em plataforma no meio do mar. Um fazia a gente rir de dia e o outro de noite.

Ana, de Sampa, viajava sozinha e era a mais discreta da turma – mostrou muita coragem ao encarar o medo da água na canoagem no rio novo.

Tamiris, carioca do Mééiiier, foi apelidada de MM (Miss Meier): a rainha das fotos que deu dica para todo mundo de como caprichar nas poses. Alegre, bonita e divertida sabia todos os funks na ponta da língua.

Ana, minha parceira de profissão e de dia de aniversário. Comemoramos o aniver com um bolão de respeito e uma jarra de caipirinha. Sempre ficava até o final. É namorada do Japa mais engraçado do planeta.

O Japa ficou um dia e meio quieto. E, com uma chave geral, quando Marcelo soltou um Charlie Brown na viola, o cara ligou no 220. Com tiradas geniais e cantando simplesmente todas as músicas de todos os gêneros, o cara é o rei da tiração de sarro e simpatia. Ahhh!! O nome dele é Daniel.

Pedro é um carioca gente fina. Apelidado de Gabriel o Pensador e dono de uma criatividade diferenciada, ele comanda as estampas de uma marca de roupas famosa no Rio e viajava com a namorada Leticia.

A Leticia é amiga da Tamiris e viajavam juntas. Dentista, carioca, sempre bem-humorada e com percepções bem aguçadas da natureza e do ambiente.

Rafa e Vini são dois paulistas e amigos de infância. Dois caras gente finíssimas, engraçados e cachaceiros. Hahahaha. Saindo do Jalapão, iam emendar mais uns dias no Ceará.

Karol com Ká, advogada de Sampa, que era muito parceira no rolê e ficava até tarde cantando com a galera. Ahhhh! Especialista em tirar fotos conceituais em fervedouros. Hahahahaha.

Carol com C, é mineira e trabalha com marketing em uma construtora de BH. Dona de um típico sotaque mineiro, ela comandou como ninguém a canoagem no Rio Sono encalhando simplesmente em todas as margens do rio nos primeiros 500 metros. Hahhaha.

Caso ainda não tenha tido a experiencia de viajar sozinho, faça. Você vai se surpreender. Há algo muito especial nessa experiência. Para mim, normalmente, a viagem começa alguns dias antes. Gosto muito do processo de pensar no que levar, de arrumar as malas e tudo mais. Nesse caso, não foi diferente. Como estava indo para um Glamping no coração do Parque Estadual do Jalapão, tentei tomar mais cuidado no check list, mas a Latam mudou meu voo em cima da hora – isso tem acontecido muito –  e tive que fazer a mala voando e partir para o aeroporto com o risco de ter esquecido algo.

Quando vi, estava sentado na poltrona do avião e ali já começava a me desconectar do meu mundo comercial e entrar no mode miniférias. Percebi que tinha esquecido algumas coisas que estavam no check list, mas lá na frente você vai entender que no fundo eu não precisava de nada além do que tinha. A ida foi cansativa, chegamos em Palmas quase 2:00 da madrugada. Até chegar ao hotel, check in, ducha rápida, devo ter ido dormir perto das 3:00 da manhã... Às 8:00, todos prontos na recepção. E o melhor a partir dali: estava tudo incluso no passeio, menos bebida alcoólica! 😊

A Korubo Safari Camp fez um briefing de viagem, nos entregou o kit sobrevivência – muito capricho em cada detalhe – e partimos. A empresa é muito comprometida com a sustentabilidade, show demais isso.

A primeira regra ao embarcar nessa experiência incrível é: paciência. São horas de estrada de chão, tudo é muito longe e muito demorado. Mas prometo: vale cada minuto. Cada momento na estrada vem acompanhado de um visual incrível do cerrado brasileiro.  

Ansiedade, inquietações, pensamento no futuro foram dando lugar a uma calmaria gostosa. O modo avião no celular nunca foi tão bem-vindo.

Em nosso primeiro dia de expedição, paramos no Canyon e chegamos ao acampamento no final de tarde. Troca de carros, alimentação, parada para lanche, troca de equipe: tudo muito bem coordenado. A organização do acampamento impressiona. Tudo muito bem pensando e montado. 

Localizada em uma comunidade quilombola, a Korubo não só se preocupa com o ecossistema do Jalapão, mas também cuida muito bem dos moradores locais. Além de ajudar com transporte, ajuda de custos, ainda emprega boa parte deles no acampamento, tornado assim uma comunidade mais sustentável. Uma soma de detalhes em tudo. Percebi rapidamente que o maior luxo seria a experiência que viveríamos a partir dali!

Ao chegar, um mergulho na prainha particular no Rio do Novo e uma cerveja trincando para espanar a poeira da viagem. Caipirinha de boas-vindas, apresentação da equipe e um jantar ótimo. À noite, finalizamos no redário curtindo um céu tão estrelado que mais parecia uma parede pintada à mão. Na primeira manhã, despertei às 5:30 e aproveitei o nascer do sol do mirante.

Minha mãe tinha colocado uma carta na minha mochila e dito para eu abrir só no dia do aniversário. Então, abri no dia do aniversario vendo o sol nascer com a Serra do Espírito Santo como cenário. Que momento, senhores, que momento!! Enquanto lia o recado da Neusinha, parece que entrei em um estado meditativo. Só conseguia sentir uma energia muito boa e muito forte, além de uma sensação de agradecimento infinita misturada com lágrimas molhando a folha de sulfite escrita à mão.

E assim chegou os 38! O dia foi incrível e fisicamente cansativo, mas, entre fervedouros e muita risada, a alma parecia que ia ficando mais e mais leve. Jantar top, com direito a bolo, parabéns, muita caipirinha e roda de viola até as 3:00 da manhã. No dia seguinte, acordei com a maçã do rosto doendo de tanta risada!

Os próximos dias foram intensos e cheios de experiências com momentos muito especiais entre dunas, pôr do sol, cachoeiras e fervedouros, fazenda do Pablo Escobar e fogueira à luz das estrelas. Mas também foi cheio de sabores locais: Buriti, seriguela, chambari e arroz com pequi foram alguns deles... Ahhh sem falar nos sucos. Pqp, que delícia. Sempre geladinho e natural: sabores do cerrado brasileiro.

Essa semana que passou foi muito especial. O conceito do acampamento, a turma, o cenário, o aniversário, os sabores e, principalmente, a desconexão do virtual para se conectar com o que é real. Sensação de estar longe de tudo e de todos e não precisar de nada. Absolutamente nada. Sabe aquela percepção do que realmente importa? Sabe aquele menos é mais? Sabe aquela frase absurda do Leo, “a simplicidade é o último grau da sofisticação”? Então, ela nunca fez tanto sentido.

Um agradecimento especial à galera citada acima que fez parte dessa viagem. À Cinthia e Priscila da Korubo. Aos guias Buri, Adail, Zé filho; aos cozinheiros Marcelo e Marcos. Vocês transformaram essa experiência, rica em detalhes, em momentos muito agradáveis.

À bwt operadora, parceira de vendas da Labadee Tour: obrigado!!

Eae vai um trago de Jalapão?

 

Se você se achou no meu relato e quer comentar algo ou ficou com alguma dúvida e tem dicas ou sugestões, é só gritar aqui: joaoguilherme@labadeetour.com.br

Um forte abraço,

João Guilherme Rebellato

 


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