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Como Nova York se posicionou após o 11/9 para fortalecer o turismo

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set. 24 - 7 min de leitura
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Setembro é o mês que marca 18 anos do atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. A história dos Estados Unidos se divide entre antes e depois de 11 de setembro de 2001. O turismo, uma das atividades que torna a cidade notável em todo o mundo, sofreu um tremendo impacto nos anos seguintes.

A insegurança de visitantes internacionais pós-ataque fez as estatísticas caírem expressivamente em todo o país. A cidade de Nova York, por sua vez, perdeu cerca de um milhão de turistas de outras nações, passando de 5,7 milhões em 2001 para 4,8 milhões em 2003, de acordo com números da NYC & Company, agência oficial de marketing do destino.

Mas a cidade soube se recuperar e muito bem. De 2004 até 2018, a Big Apple registrou 13 anos de crescimento de janeiro a dezembro. No ano passado, recebeu 13,5 milhões de turistas internacionais de um total de 67 milhões, mais do que o dobro dos 5,7 milhões calculados no fatídico 2001.

O recente ranking da Mastercard coloca o destino nova-iorquino como o sétimo mais visitado por estrangeiros.

Como resultado, também tem investido em produtos e serviços anualmente. Os hotéis se desenvolvem massivamente, a Broadway estreia espetáculos musicais constantemente, bem como museus são inaugurados. Até mesmo o One World Observatory, um prédio localizado onde era o World Trade Center, foi aberto.

Para Chris Heywood, vice-presidente executivo de comunicações globais da NYC & Company, o investimento em segurança foi fundamental para essa retomada. Não só o turismo internacional cresceu desde então, como também o doméstico que, aliás, não sofreu nenhuma retração depois do 11 de setembro.

Leia também:
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Patriotismo em Nova York

À época, o então prefeito Michael Bloomberg celebrava o senso de patriotismo dos norte-americanos para justificar a guinada no turismo doméstico. Heywood parte do mesmo princípio.

“É interessante ver como Nova York se recuperou. Nossos cidadãos nos apoiaram e foram patriotas, nos visitaram mais e mais [após o atentado terrorista]. Houve também um apelo grande quanto ao aumento da segurança para os visitantes estrangeiros”, argumenta ele.

Em uma “manhã agradável de sol em Nova York”, Heywood conversou por telefone com a reportagem para refletir sobre o turismo na cidade depois de quase duas décadas. Resumidamente, ele atribui grande responsabilidade aos ex-prefeitos e ao atual Bill de Blasio por olharem a indústria de turismo com atenção.

Ao refletir sobre a segurança, o executivo declara que esse investimento tem de ser constante. “Continuamos a inovar para tornar a cidade mais segura. Lutamos contra o terrorismo, temos um trabalho de inteligência e a melhor polícia do país, a NYPD. As pessoas aqui sabem que quanto maiores os investimentos, mais felizes os nova-iorquinos e os visitantes ficarão.”

Se por um lado é preciso trabalhar para ter uma cidade mais amigável, por outro é necessário fazer com que o turista decida ir para seu destino. Nova York por si só é um destino que se vende fácil, como diz Heywood, mas o trabalho em promoção se faz necessário.

No Brasil, a NYC & Company tem escritório desde 2007, sendo representada pela Interamerican Network. Pode-se dizer que as ações conjuntas entre a filial em São Paulo e a matriz nova-iorquina foram responsáveis pelo número total de brasileiros que visitam o destino.

Desempenho brasileiro

Em 2018, o Brasil enviou 906 mil turistas e se tornou o terceiro maior emissor internacional para Nova York. Atrás de Reino Unido e China (e desconsiderando os vizinhos de fronteira Canadá e México), o país deve encerrar este ano com 939 mil viajantes.

Todavia, o agravamento da crise político-econômica acendeu o sinal de alerta. Para Heywood, é possível que as metas endereçadas ao mercado brasileiro sejam alcançadas em 2019, mesmo com o dólar a R$ 4,17.

“A situação política do Brasil não ajuda. O valor do dólar hoje é quase igual ao do euro [R$ 4,60]. Temos hoje a Europa como uma competidora, os brasileiros podem escolher ir para lá. É desafiador, mas o desempenho tem sido bom até agora dadas as circunstâncias”, afirma Chris Heywood, sem revelar números.

Ainda assim, para combater o pessimismo acerca da moeda norte-americana, ele sugere viagens entre janeiro e fevereiro. É o período em que hotéis da região oferecem descontos e condições especiais. Com mais de 120 mil quartos atualmente, a diária média de hotéis está entre as mais caras do mundo, com US$ 291 em 2018.

Além disso, essa época é marcada pela neve que os brasileiros tanto amam, segundo o profissional.

A suspensão de voos da Avianca Brasil tampouco ajudou a Big Apple. A companhia aérea era uma das brasileiras que oferecia voos diretos e regulares. Mas o vice-presidente da NYC & Company assegura que o choque foi menor do que esperado.

Dessa forma, a malha da cidade é extensa e compreende voos de empresas como a panamenha Copa Airlines e a colombiana Avianca.

A partir de dezembro, a Delta Air Lines retomará o voo direto para o Rio de Janeiro, durante a alta temporada. “Claro que preferimos ter mais voos diretos, mas os visitantes não se importam em viajar com conexão”, diz ele.

Cidade que abraça a todos

A NYC & Company colocou na praça este ano a campanha “New York welcomes you, always”. Em tradução livre, “Nova York recebe você, sempre”, a ação busca enfatizar a receptividade em tempos sombrios.

Os Estados Unidos colheram a antipatia global com políticas anti-imigração, com destaque para o banimento de viagens a países do Oriente Médio em 2017. Aparentemente, Nova York, por ser uma cidade tão diversificada e com raízes imigrantes, não compactua com o discurso de Donald Trump.

“As palavras importam. Temos que ter o turismo como um negócio e lutar pelo turista. É muito importante mostrar o seu apelo em momentos como esse. Temos esse compromisso de comunicar isso o quanto antes e assegurar os visitantes que aqui é um lugar que recebe todos”, destaca.

A necessidade do visto de entrada para os Estados Unidos é um entrave para brasileiros. Segundo ele, se o país fosse aprovado no programa Visa Waiver, os efeitos disso seriam "massivos". "Toda vez que se quebra barreiras se conseguem resultados enormes", sintetizaa, citando a Coreia do Sul como exemplo, hoje 11º emissor.

À parte desses complicadores, uma das grandes intenções da NYC & Company é fazer com que o visitante aumente sua permanência. Por outro lado, também colocam como objetivo que brasileiros e demais turistas não fiquem presos somente em Manhattan e conheçam os outros bairros – Bronx, Brooklyn, Queens e Staten Island. Parece será uma tarefa fácil.


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